Em
algum momento de nossas vidas já ouvimos que tudo tem um “porque” e um “pra que”
de existir, e isso de fato é concreto, principalmente no mundo da música e da
publicidade. Remetendo aos posts passados, vimos que a publicidade e a música
podem sim andar perfeitamente juntas e que a imagem na música, unidas a
publicidade, surtem em um efeito extremamente positivo.
Pra
sabermos o “porque” e o “pra que” dos meios de divulgação e propagandas, nós
usamos ferramentas que nem percebemos ou, às vezes, não sabemos que usamos. A
publicidade chama o ato de analisar meios de divulgação (inclusive a música) de
análise semiótica e TODOS nós somos capazes de fazer essa análise, que às vezes
é quase que inconsciente e automática. Consiste em entender em três fases o que
uma propaganda (ou no nosso caso, uma música e suas derivações) quer dizer. A
primeira fase chama-se primeiridade e é a nossa primeira visão do que pretendemos
analisar, é o imediatismo na identificação dos elementos. A segunda fase se chama
secundidade, que consiste na interpretação dos elementos vistos na
primeiridade. E a Terceira fase é a terceiridade, que é o entendimento do que
analisamos e a partir disso podemos dizer a intenção de uma peça publicitária,
letra musical, anúncio de jornal, entre outros meios de veiculação.
Como o tema trabalhado aqui é a música, escolhi fazer uma análise semiótica de uma capa de single que me chamou a atenção. Como sabemos, sempre que um cantor escolhe uma música de seus discos para comercializa-las como singles, estas merecem capas para dar maior ênfase na importância daquela música no trabalho artístico do seu autor. A capa escolhida foi a do novo single da cantora Rihanna chamado “Diamonds” que é o carro-chefe no sétimo disco de inéditas da cantora.
Rihanna
é conhecida mundialmente por suas letras ousadas e estilo provocante. Ele
sempre buscou mostrar um lado mais objetivo e polêmico dela mesma em suas
músicas. A música “Diamonds” fala de um amor que era platônico e por algum
motivo se tornou realidade e que o amor do casal citado na música “Brilha
intensamente como um diamante” (parte
do refrão da música).
A capa do single mostra elementos ou signos como as pedras de
diamantes, duas mãos manuseando um papel, o nome do single e a marca de
Rihanna, a letra “R”. Depois de vistos esses elementos, nossa mente começa a
trabalhar no que esses signos significam. O que nos chama mais a atenção é a
imagem das mãos (que são da própria Rihanna) manuseando um papel específico
para fabricação de cigarros (lícitos ou ilícitos) e que ao invés de algum tipo
de substância posta dentro do papel para cigarros, encontramos pedras de
diamantes. Parece um pouco ilógico a primeira vista, mas analisando tudo isso
em um terceiro pensamento, conseguimos identificar o sentido dessa imagem. A
fonte usada no nome da música é uma fonte manual, que dá mais sutileza e
requinte a imagem. É uma tipografia que tem um pouco mais de detalhes, o que dá
mais ênfase no contexto da imagem.
Esta capa vem gerando muitas discursões e polêmicas por ser
considerada como uma apologia ao uso de drogas e ao tabagismo. A cantora, por
já ser conhecida como polêmica, não fez questão alguma de se defender ou substituir
a capa por algo mais “leve”. A intenção dela, nessa capa, é totalmente
semântico (abstrato/pessoal). Mostra que o amor citado na música será tão bom e
“entorpecente” quanto a sensação “prazerosa” que se tem ao tragar algum tipo de
droga que mexa com áreas neurológicas de um indivíduo que seja usuário.
Viram como é fácil identificar e que muitas vezes nós fazemos
uma análise semiótica sem nem percebermos? Não esqueçam de comentar e até a
parte 2 de “Intenções na capa”.